sexta-feira, 22 de outubro de 2010


OESTE PARANAENSE
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José Augusto Colodel
Historiador

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Caminhar pra quê? Viajar de vapor pelo Paranazão era bem melhor!

            Porto Mendes, fevereiro de 1933. Início de tarde quente e ensolarado para os viajantes que esperam ansiosos junto à íngreme barranca. Enquanto aguardam a chegada do vapor, contemplam e se deliciam com a paisagem que se descortina à sua frente. Olhos que se enchem com um verde a perder de vista. Verdes de todas as tonalidades, tendo como pano de fundo um céu que não tem como ser mais azul. Sentem-se insignificantes, principalmente quando admiram as águas do rio Paraná. Preguiçosamente voltam seus olhos para baixo e se assustam com a altura da barranca. São mais de cem metros, com certeza. Uma queda dali certamente seria fatal ao descuidado.

O vapor Santo Antonio atracado no Porto de Areia
(Santa Helena), pronto para seguir viagem para Foz do Iguaçu.

            Para eles a viagem teve início em Guaíra, pela estrada de ferro de propriedade da Companhia Mate Laranjeira, uma imensa obrage* que explora a erva-mate em território mato-grossense e paranaense desde 1902. A estrada de ferro, com sessenta quilômetros de extensão, fora inaugurada em 1917. Era caminho particular e por ele, até 1929, só viajava quem fosse autorizado pela empresa. Ali, em Porto Mendes, cercados por enxames de mosquitos, não vêem a hora de embarcar no barco que os levará até a cidade de Foz do Iguaçu.
            Em terras paranaenses, desde o final do século XIX, a navegação pelo rio Paraná se estende por uns cento e vinte quilômetros, de Porto Mendes a Foz do Iguaçu. Navegação essa controlada quase toda por empresários argentinos e que somente no trecho compreendido entre Guaíra e Porto Mendes é impraticável em função das pedras e corredeiras. Daí a estrada de ferro.
            Do lado brasileiro os principais portos são o de Bela Vista, Sol de Maio, Santa Helena, Jejuy, Porto Felicidade, Britânia, Rio Branco, São Francisco, Porto Artaza e Porto Mendes - e todos eles pertencem a obrageros – também argentinos!
Vapor argentino Iberá, juntamente com o Cruz de Malta, marcou época no rio Paraná.
            De repente um penacho fumaça é avistado ao longe. É o vapor Cruz de Malta vencendo lentamente o Paranazão, enfrentando com dificuldades a correnteza que lhe maltrata a proa. Cerca de vinte minutos se passam até que ele manobre e deixe encostar-se ao atracadouro ao pé da barranca. Lá em cima os passageiros ainda têm que esperar que se concluam as operações de carga e descarga de mercadorias, feitas por meio de zorras. Estas nada mais são do que de duas vagonetes que correm por duas fileiras paralelas de trilhos. Enquanto uma desce a outra sobe em sistema de contrapeso. É fato que as vagonetes atingem grandes velocidades na descida e alguns decidem se arriscar barranca abaixo, agarrando-se a pedras e arbustos.

O sistema de zorra em Porto Mendes

            O Cruz de Malta, a exemplo dos demais vapores que viajam pelo rio Paraná, traz da Argentina produtos que não existem na região. Seus porões estão repletos de roupas, ferramentas, sal, açúcar, farinha, azeite, tecidos, sapatos, louças, bebidas, gasolina, querosene, artigos de couro, livros e revistas. Transporta passageiros eventuais, mas o que realmente interessa é a erva-mate, explorada de maneira predatória e levada para Corrientes e Missiones, na Argentina. É impulsionado por uma caldeira a vapor e por um sistema de pás localizadas na popa, bem ao estilo dos vapores do rio Mississipi.
            Dentro do barco os passageiros são divididos em três classes, de acordo com o dinheiro que carregam na guaiaca. Os da terceira ficam alojados na parte inferior, sendo que a sala de refeições serve como dormitório, à base de beliches presos às paredes. Os da segunda contam com mais regalias, tais como camarotes individuais, com beliches, mesas e cadeiras para as refeições. Alguns se acomodam na primeira classe, e dispõe de um confortável camarote. Além do que tem ao seu dispor iguarias e bebidas de excelente qualidade. O refeitório é dotado de ventiladores e as refeições serão acompanhadas por música ao vivo ou por gramofones.

Vapor Cruzeiro, construído em Santa Helena Velha, 
sendo transportado para o rio Paraná
           Alguns passageiros recebem permissão para ir até a ponte e dali acompanhar a perícia com que o piloto manobra o grande vapor, colocando-o no meio do rio. Na tripulação, além do piloto há o comandante, comissário de bordo, marinheiros, cozinheiros e garçons, quase todos – só para variar -de origem argentina. De Porto Mendes a Foz do Iguaçu a viagem leva aproximadamente quatro horas. É uma bela tarde, o leito do Paraná está tranqüilo e o Cruz de Malta chega a Foz apitando, escandaloso, quase ao por do sol. Ali passará a noite e na manhã seguinte seguirá com destino a Posadas, na Argentina.
            A curta viagem terminou e ao desembarcarem – mais essa! - constatam que o atracadouro não passa de um banco de areia amarela, sem quaisquer comodidades. Foz tem três ou quatro ruas. E olha lá! Juntam suas bagagens de mão e inutilmente esperam por qualquer condução até a cidade. Resolvem cobrir a pé os mil metros que os separam do hotel. No caminho praguejam mil vezes pela lama e os atoleiros que têm que superar. Enfim chegam ao Hotel Brasil, deixando para trás o Cruz de Malta e o rio Paraná, com seus vapores argentinos e paraguaios. Anos mais tarde recordarão da viagem. Contarão aos filhos e netos fatos sobre essa navegação pioneira que, do final do século XIX até o início da década de 1940, reinou inconteste como a mais importante via de comunicação e integração no universo socioeconômico e cultural do Oeste paranaense.
José Augusto Colodel 
 Historiador
jacolodel@bol.com.br

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* A obrage caracterizava-se como uma propriedade e/ou exploração típica das regiões cobertas pela mata subtropical, em território argentino e paraguaio. Sua existência baseava-se na coleta intensiva e predatória do binômio mate-madeira. Esse sistema, a partir do século XIX, ultrapassaria as fronteiras desses países e penetraria no extremo-oeste paranaense, na época praticamente despovoado. Aqui, as obrages estabelecidas exerceriam suas atividades até a década de 1920, quando a passagem da Coluna Prestes e a Revolução de 1930 determinam sua total desarticulação.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sobre o homem que driblou a morte e o tinhoso!



         Quando o falecido João Moreira Lopes me contou sua história eu ainda estava engatinhando nas pesquisas sobre os conflitos de terras no Oeste paranaense – iniciadas e, confesso, até hoje em grande parte inacabadas.
         Se bem me lembro foi em 1988 quando conversamos pela última vez. Morava, naquela oportunidade, num casebre de quatro cômodos, coberto com pedaços de folhas de amianto, na zona rural de Marechal Cândido Rondon. No quintal mantinha como reféns algumas galinhas caipiras, um cachorro paqueiro e, num cercado mal feito, dois porcos magérrimos. Fora homem casado, melhor, amancebado, por duas vezes. A primeira companheira o trocou pelo filho do vizinho e os dois fugiram mundo afora; a segunda morreu de “nó nas tripas”, de acordo com o velho posseiro. Lembro bem que já naquele ano o João Moreira trazia no rosto os sulcos reveladores de uma vida sofrida, povoada por reveses quase insuperáveis. Mas que se diga, era velho de fibra, um cerne.
         Veio de Capanema para Santa Helena por volta de 1961, anos antes da criação do município. De bagagem nadinha de nada e a jovem companheira a tiracolo. Contava com 52 anos e ainda acalentava em ter seu pedacinho de terra, um bocadinho que fosse só seu.
         Como tinha pouco dinheiro comprou o direito de posse de um conhecido e se instalou lá pelas bandas de São Clemente. Derrubou o mato, limpou o terreno, construiu um ranchinho coberto de folha de palmeira e plantou algum milho e feijão, só para consumo. Imposto ele pagava o rural para a Prefeitura de Rondon. E ali foi vivendo, ou melhor, sobrevivendo ao Deus dará.
         Vida dura, porém sossegada. Sossego que teve fim em 1964 quando teve início um projeto colonizador ambicioso na região. Era a tal da “Londoeste”, cuja base física era composta por terras com titulação inexistente, bitituladas e muitas posses, principalmente posses. Era o caso do João Moreira e o de centenas de moradores em São Clemente (hoje Distrito de Santa Helena). Um barril de pólvora com sete mil hectares.
         Contou-me que já na primeira conversa com o pessoal da firma ele foi “encostado no canto”.  Uns tipos perigosos, “quebradores de milho” como se dizia na época. Mostrou a papelada que tinha. Disseram que ele não tinha documento sério, que era posseiro e que não tinha direito a nada. Escritura só eles davam. Ou comprava a terra ou caía fora. Comprar com o que? Nem economia tinha!
         Desconversou; não disse que sim, nem disse que não. Foi para casa ressabiado, pois sabia por experiência que eles iriam voltar. Gente assim, pensou, tem negócio assumido e não aceita um não como resposta. E não deu outra! Dois dias depois, já noite alta, voltaram. Chegaram de mansinho e de vereda tocaram fogo no ranchinho, e enquanto a casa ardia descarregaram revólveres e winchesters na tapera. Estavam em quatro e não se deram ao trabalho de verificar se tinha alguém dentro, vivo ou morto.
         Calejado que estava pelas pelejas nas quais tomara parte em Francisco Beltrão, quando houve a tão famosa revolta dos posseiros, em 1957, se preveniu e desde a noite anterior dormia ao relento, longe da casa. Foi do seu cantinho escondido que ele e a mulher viram o fogaréu. Quando os tipos foram embora, o casal se benzeu três vezes e rezou Padre Nosso e Ave Maria.
         Nas semanas seguintes ficou amoitado. Em ocasiões assim graveto quebrado no mato era susto na certa. Vivia perambulando e se comia alguma coisa era graças à caridade dos moradores próximos. E foi um deles quem lhe disse que em São Clemente davam como certo que ele tinha morrido ou estava fugido.
         Daí foi que o tempo foi passando e o João Moreira sempre se esquivando, se escondendo mato adentro feito coruja. Assim procedeu até que numa manhã deu de cara com o tinhoso em forma de gente.
         Saindo do mato meio que desatento foi dar numa picada e ali bem na sua frente, montados num jipe da firma tagarelavam o motorista e o afamado jagunço “Maringá”. Não deu nem de fazer meia volta e já recebeu um ultimato: - Fica parado aí sujeito imprestável! Queriam saber quem era, onde morava e o que fazia por ali. Quase se borrando de medo titubeou nas respostas. Não convenceu, complicou-se de vez. Alguns minutos depois e já se encontrava amarrado numa árvore. Então teve início o conhecido ritual de tortura. Tiraram a botina e lhe bateram incontáveis vezes na planta dos pés; queimaram seu peito e pescoço com brasa de cigarro e fizeram que engolisse na marra alguns punhados de terra misturada com urina e fezes de bicho. Serviço concluído, satisfeitos com o trabalho feito, ali o deixaram com a boca tapada, para morrer.
         Mas ainda não chegara a sua vez de encarar o Criador! Desesperado, encontrou forças – e não se sabe onde – para se desvencilhar da morte certa. Liberto, correu feito louco mato adentro, não se importando com as dores que sentia nos pés, em carne viva, e nos pulsos ensangüentados.
         No dia seguinte reencontrou a mulher. Contou o caso e decidiu não mais abusar da boa sorte. Juntou sua trouxa e se bandeou lá para as bandas de Cascavel. Saiu de manhãzinha e sequer olhou para trás.
         Voltou alguns anos depois. O sonho da terra própria, pois é, ainda era um sonho. Conseguiu um espaçozinho como agregado e quando alguém se queixava da vida o velho esboçava um sorriso amarelo. Lá com seus botões até que se sentia feliz, conformado até, mesmo porque não é todo homem que consegue enganar a morte e o tinhoso em forma de gente!

José Augusto Colodel 
 Historiador
jacolodel@bol.com.br

 Fragmento I